Os Perigos dos Protetores Solares de Má Qualidade e o impacto na Saúde Humana

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O uso de protetor solar é amplamente recomendado por dermatologistas e órgãos de saúde como forma essencial de proteção contra os danos causados pela radiação ultravioleta (UV). No entanto, nem todos os protetores solares são criados da mesma forma. Muitos produtos disponíveis no mercado contêm ingredientes de baixa qualidade, substâncias químicas nocivas e formulações mal regulamentadas. Esses protetores solares de má qualidade, em vez de protegerem, podem oferecer riscos significativos à saúde humana e ao meio ambiente.

1. A função do protetor solar

O protetor solar tem como função principal absorver, refletir ou dispersar a radiação UV, prevenindo queimaduras, envelhecimento precoce e câncer de pele. Os ingredientes ativos usados para isso são geralmente classificados em dois grupos:

  • Filtros químicos (orgânicos): como a oxibenzona, avobenzona, octinoxato, entre outros.
  • Filtros físicos (inorgânicos): como o dióxido de titânio e o óxido de zinco.

Quando bem formulado, um protetor solar pode ser um aliado poderoso. Mas quando produzido com ingredientes de má qualidade, pode se tornar um vilão silencioso.

2. Substâncias químicas preocupantes

Diversos protetores solares populares contêm compostos que vêm sendo associados a efeitos colaterais graves. Os principais suspeitos incluem:

2.1 Oxibenzona (benzofenona-3)

Um dos filtros químicos mais comuns, a oxibenzona é eficaz na absorção de UVB e parte do UVA, mas pode penetrar na pele e ser absorvida pela corrente sanguínea. Estudos mostram que ela pode:

  • Atuar como disruptor endócrino, interferindo nos hormônios estrogênicos e androgênicos.
  • Estar ligada a alergias de contato e dermatites, principalmente em peles sensíveis.
  • Atravessar a placenta, afetando o desenvolvimento fetal.

2.2 Octinoxato

Assim como a oxibenzona, o octinoxato é um absorvedor de UVB que pode se acumular no organismo. Seus efeitos incluem:

  • Potencial desregulação hormonal.
  • Possíveis danos ao DNA das células da pele.
  • Fotoinstabilidade, o que significa que ele pode se degradar rapidamente ao sol, liberando subprodutos tóxicos.

2.3 Avobenzona e homosalato

Embora aprovados para uso, esses ingredientes podem gerar subprodutos tóxicos ao serem expostos à luz solar, principalmente quando combinados com outros compostos químicos.

3. Absorção sistêmica: o que dizem os estudos

Em 2019 e 2020, estudos conduzidos pela FDA (agência reguladora dos EUA) demonstraram que vários ingredientes de protetores solares químicos são absorvidos sistemicamente em níveis superiores ao considerado seguro, mesmo após uma única aplicação.

Esses estudos geraram um alerta mundial e aumentaram a pressão sobre as agências reguladoras para revisar os critérios de segurança desses produtos.

4. Riscos à saúde a longo prazo

O uso contínuo de protetores solares de má qualidade pode estar associado a uma série de problemas de saúde, como:

  • Distúrbios hormonais: efeitos sobre fertilidade, ciclo menstrual e função da tireoide.
  • Alergias e reações dermatológicas: erupções cutâneas, ardência, coceira e descamação.
  • Potencial cancerígeno: embora paradoxal, certos subprodutos químicos gerados por protetores solares instáveis podem, sob exposição solar, danificar o DNA das células da pele.
  • Interferência no desenvolvimento infantil: evidências preliminares sugerem que a exposição durante a gestação pode impactar o sistema endócrino de bebês.

5. Riscos ambientais e efeito bumerangue

Além dos riscos à saúde humana, protetores de má qualidade afetam o meio ambiente — e o retorno disso pode ser prejudicial ao próprio ser humano:

  • Branqueamento de corais: ingredientes como oxibenzona e octinoxato têm sido banidos em locais como Havaí e Palau por causarem a morte de recifes de coral.
  • Acúmulo em peixes e algas: substâncias filtradas para o mar acabam entrando na cadeia alimentar, podendo retornar ao organismo humano via consumo de frutos do mar contaminados.

6. Como identificar um protetor solar seguro

Ao escolher um protetor solar, é essencial observar:

  • Certificações confiáveis (como ANVISA, EWG, FDA, entre outras).
  • Preferência por filtros físicos (minerais): dióxido de titânio e óxido de zinco, preferencialmente em formulações non-nano, que não penetram na corrente sanguínea.
  • Ausência de parabenos, fragrâncias artificiais, oxibenzona, octinoxato e outros compostos suspeitos.
  • Produtos com rótulo transparente e testes dermatológicos reconhecidos.

7. Alternativas mais seguras

Se a exposição ao sol for moderada, algumas medidas podem complementar ou, em certos casos, substituir o uso de protetor:

  • Uso de roupas com proteção UV.
  • Evitar exposição solar entre 10h e 16h.
  • Protetores minerais com ingredientes simples e seguros.
  • Alimentação rica em antioxidantes, como betacaroteno, vitamina E e selênio, que ajudam a proteger a pele de dentro para fora.

Conclusão

Embora o uso de protetor solar seja indispensável para proteger a pele dos efeitos nocivos da radiação solar, o consumo indiscriminado de produtos de má qualidade representa um risco oculto, porém real. A conscientização sobre os ingredientes, a leitura de rótulos e a busca por alternativas seguras são passos essenciais para garantir uma proteção eficaz sem comprometer a saúde a longo prazo.